A Fiat vai lançar em março uma nova picape compacta, substituindo uma supercampeã de vendas. A responsabilidade é enorme. A Fiat Strada é um fenômeno automotivo, lançada em 1995 com base na plataforma do Palio, assumiu com rapidez a condição de líder do segmento das picapes pequenas e exibiu, em alguns momentos, a liderança geral de vendas. Por isso o cuidado na criação e desenvolvimento do projeto que teve de assumir o compromisso de obter uma picape maior, que terá confirmadamente uma opção de cabine dupla com 4 portas, homologação para acomodar 5 pessoas, maior do que a atual Strada mas menor do que a Toro mas sem onerar os custos a ponto de dificultar a comercialização. Esta condição remete para o utilização de duas plataformas já existentes, no caso, do Fiorino e do Mobi, que forneceriam peças de custo já amortizado, mas com boa parte do peso composto por peças novas, sem as quais não haverá as indispensáveis novidades visuais e funcionais. A primeira opção de motorização é de escolha óbvia, o Firefly 1 ponto 3, 109/101 cavalos, torque de pouco mais de 15 quilos- força, e, depois, os novíssimos motores turbo que vão sair de Betim a partir do ano que vem. Adotará o controle eletrônico de estabilidade e tração, obrigatório até 2022 em todos os modelos produzidos no Brasil exigência que, de certa forma, vai acelerar a substituiçao completa do atual modelo. A atual Strada continua como opção de modelo de entrada até ser tecnicamente inviável sua linha de produção. Depois, claro de ter servido de base à criatividade do marketing da Fiat que, a partir dela, lançou modelos decorrentes e mercadologicamente interessantes como as picapes estendidas, depois as de 3 e de 4 portas, as aventureiras, ideias que viriam depois a ser seguidas por toda a concorrência como um oportuno subsegmento. Perto do fim, a Strada continua com desempenho excepcional em vendas. No ano passado foi a picape mais emplacada, 67 mil unidades comercializadas, 8º modelo mais vendido da industria, a frente do primo-irmao Argo e do compadre Jeep Compass e minúsculas 93 unidades atrás do Renault Kwid. Este sucesso, porém, está vindo, 24 anos depois, à custa de enorme sacrifício em margem para a própria Fiat, 7 em cada 10 unidades vendidas ocorrem em vendas diretas, a frotistas, locadoras ou pessoas jurídicas. Mesmo no balcão da concessionária, dificilmente a Strada sai do show room com menos de 10 por cento de desconto, em parte pelo desgaste da imagem e da modelagem comercial. As versões que ainda restaram com utilidade de mercado foram as dedicadas com prioridade ao trabalho profissional como a Working, mais ainda a Hard, concebida para atender exatamente ao que ainda resta de público consumidor, as frotas urbanas, as pequenas entregas, ao custo acessível da mobilidade. Uma nova picape, com o nome Strada ou não, chegará num momento decisivo para a Fiat que, depois de ter perdido a liderança do mercado brasileiro para a Chevrolet e o segundo lugar para a Volkswagen, abre uma fase de fortes investimentos financeiros e de energia para recuperar e espaço e o tempo perdidos.