Por Diário Motor
Em agosto, diversas marcas pararam totalmente ou parcialmente as linhas de produção por causa da crise dos semicondutores. Mesmo assim, o mês fechou com 164 mil unidades produzidas, um crescimento 0,3% maior que em julho, quando foram fabricados 163,6 mil veículos, segundo informações da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
No entanto, de acordo com os dados da associação, em relação com agosto de 2020, houve uma queda de 21,9%, basicamente causada pelas paralisações das linhas de produção. Com isso, mesmo com um leve aumento comparado com julho, o último mês foi o pior resultado para o período desde 2003.
A Anfavea afirma também que, após tantos meses rodando a um ritmo abaixo da demanda, os estoques nas fábricas e nas concessionárias estão sendo consumidos rapidamente, e sem condições de renovação nos pátios a curto prazo.
A entidade reporta que, na virada do mês, havia apenas 76,4 mil unidades disponíveis, estoque suficiente para menos de duas semanas de vendas, o que explica as filas de espera para vários produtos, sendo o pior nível em mais de duas décadas.
“Essa situação dos semicondutores traz uma enorme imprevisibilidade para o desempenho da indústria no restante do ano. Em um cenário normal, estaríamos produzindo em ritmo acelerado nesta época do ano, quando as vendas geralmente ficam mais aquecidas. No ano passado tínhamos boa produção no segundo semestre, mas uma demanda imprevisível em função da pandemia. Neste ano, temos a volta da demanda, mas infelizmente uma quebra considerável na produção”, aponta Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
Com a baixa oferta de produtos, os licenciamentos caíram. Foram 172,8 mil unidades vendidas — pior agosto desde 2005. A queda foi de 1,5% sobre julho (175,5 mil) e de 5,8% em relação ao mesmo mês de 2020 (183,4 mil).
Em meio a notícias ruins, a Anfavea aponta lados positivos. Pela primeira vez na história, os SUVs venderam mais que a soma de hatches e sedãs no país. Também os híbridos e elétricos tiveram participação recorde nas vendas, com 3.873 unidades, 2,4% de todo o mercado.
Outros destaques positivos são a reação das exportações e a manutenção do nível de emprego ao longo da pandemia. Após recuo em julho, as exportações reagiram em agosto, com alta de 23,9% sobre o mês anterior. Ao todo foram 29,4 mil veículos embarcados, 5,5% a mais que em agosto do ano passado.
O segmento de caminhões é outro que colhe bons resultados, mesmo em meio à carência de certos insumos. A produção de 15 mil unidades cresceu 1,1% sobre julho, enquanto as vendas de 13 mil unidades representaram alta de 8,1% sobre o mês anterior.