Mercedes 300SL

Quando foi lançado, em 1954, o Mercedes 300 SL já teria sido um case da indústria em razão das inovações mecânicas e da proposta esportiva. Mas as asas de gaivota, as portas abrindo para cima, solução absolutamente oposta ao convencional, acabaram virando  ícones e transformaram um automóvel que já era notável numa referência mundial e eterna.

 

O curioso é que a maneira de abrir as portas surgiu da dificuldade de equilibrar o chassis tubular, novidade na época, peso de apenas 50 quilos, com a necessária estrutura que tomava o espaço lateral normalmente destinado as portas, seria impossível entrar no carro !!!  O projetista Rudolf Uhlenhalt, genial já na concepção, ousou ainda mais elevando a borda inferior das portas e ampliando o espaço para cima, tomando parte do teto. Nascia a forma Gullwing, asa de gaivota, ave marinha de grandes asas, cerca de 1 metro e meio,  que se abrem formando uma imagem característica.

 

O 300 SL, W194 no código interno da Mercedes, já inovava na injeção direta de gasolina, no estilo arredondado e elegante, no perfil aerodinâmico. O motor não era novo, 3 ponto zero, 6 cilindros em linha, Uhlenhalt foi buscar a base nos Mercedes 300 que serviam ao governo alemão. A caretice foi temperada pela injeção direta mecânica que, aliás, impôs a inclinação do motor em 50 graus para não ter que abrir ranhuras no capô, apelação incompatível com o estilo do carro. A potência disponível era de 240 cavalos, caixa manual de 4 marchas com alavanca no assoalho, administração fácil para um carro leve, capô, tampa do porta-malas e portas de alumínio. Zero a 100 em pouco mais de 8 segundos, máximo de 220 km por hora. Parava com quatro tambores, suspensão de braços triangulares, a traseira independente de eixos oscilantes, rudimentar para o desempenho do carro e que exigia boa dose de concentração de quem estava ao volante. Do SL derivaram os SLR, especiais para competição, multivitoriosos sob o comando de Juan Manuel Fangio. Os SL tiveram vida curta, exatamente porque as portas abrindo para cima dificultariam resgate dos ocupantes em caso de acidente. Deixaram de ser produzidos 3 anos depois largando para tras um rastro de sucesso, harmonia e classe que perdura até hoje. Exemplares das primeiras séries são leiloados, quando isso ocorre, por milhões de dólares.