Autódromo completamente lotado foi, mais uma vez, a demonstração visual e numérica da popularidade da Copa Truck em Goiás, não de agora nem por acaso desde que as corridas de caminhões, ainda inéditas e algo estranhas, foram introduzidas no automobilismo brasileiro pelos sonhos de Aurélio Batista Felix no remoto ano de 1995. Goiânia foi sede de uma das 4 corridas de demonstração, com trucks trazidos da Europa e registrou o primeiro premonitório recorde da então experimental categoria, 120 mil pessoas pagaram ingresso para assistir os brutos disputando ultrapassagens nos 3.835 metros do circuito goianiense. A iniciativa do santista Aurélio, caminhoneiro de profissão, sonhador nas horas vagas, era criar no Brasil a categoria então já conhecida e popular nos circuitos europeus como novidade esportiva e promocional o que conseguiu em 1996 com a homologação na Confederação Brasileira de Automobilismo e a criação da Fórmula Truck. O apelo de marketing estava na própria condição de originalidade, exclusividade e bizarrice de veículos de carga virarem carros de corrida, com motores de mais de mil cavalos de potência roncando e espalhando nuvens de vapor quando os 500 litros de água eram despejados sobre os discos de freio nos momentos das frenagens, era o sistema de refrigeração do sistema.

AS MULHERES NA COPA TRUCK

O extraordinário, excêntrico e arrojado nunca deixou de estar presente na categoria e um dos fatos foi uma moça paranaense ter sido catapultada do anonimato de motorista do MST a estrela da mídia, musa do movimento e a capa da revista PlayBoy num único ano. Esse foi o começo da historia de Débora Rodrigues, hoje avó de duas meninas e um menino aos 54 anos de idade e que saiu de Goiânia, domingo, no 5º lugar do Campeonato Brasileiro da Copa Truck com 26 pontos, com um 3º e um 8º na categoria PRO do certame, a top, da qual faz parte há 25 anos e cumpre diariamente a dura vida de preparo físico de pilota de corridas.

A paulista Bia Figueiredo estreou no autódromo de Goiçania, na equipe  ASG Motorsport para a temporada completa da Copa Truck que tem os caminhões mais pesados e imponentes no circuito brasileiro de corridas. Bia correu na categoria Super Truck, dos novatos, no ultimo domingo na capital. “Estou muito feliz com a oportunidade com a atual equipe campeã da categoria. É um grande desafio, porque será minha estreia pós-maternidade em uma temporada completa. Passei por duas gestações, a do Murillo e do Matteo, ambas muito saudáveis. A minha estreia nas pistas foi 50 dias após parto do Matteo. Em 2022, disputei algumas provas fiz em 2022 na TCR com a Cobra Racing Team, e foram corridas muito importantes. Estar na pista é o que me motiva^, declarou Bia, que terá o apoio da Gisa Wheels.

CAMINHÕES-MADRINHAS EM GOIÂNIA

O caminhão Mercedes-Benz ganhou mais destaque ainda em Goiânia. O Actros “Estrela Delas” foi um dos caminhões-madrinhas da primeira prova do ano. Lançada pela Mercedes-Benz em 8 de março do ano passado, no Dia Internacional da Mulher, a campanha “Caminhão A Voz Delas” foi uma ação especial que homenageou caminhoneiras e cristais (companheiras de motoristas), que viajam Brasil afora e conhecem muito bem a realidade e os desafios das estradas. Como decorrência, elas foram convidadas a interagir com as redes sociais da marca, votando em enquetes para escolher itens, nome e visual de um Actros especialmente desenvolvido para o público feminino.

TIME ASG MOTOSPORT

A ASG Motorsport iniciou parceria com a Mercedes-Benz no ano passado e, com o Actros, já foi a campeã. Em 2023, passa a contar com sete pilotos. Roberval Andrade (#15), proprietário da equipe e campeão da Copa Truck em 2018, chegou com um Actros zero km e ganhou a companhia de pilotos que estreiam na competição: Caio Castro (#22), que pilota desde os 19 anos e já participou de inúmeros campeonatos amadores e profissionais e Bia Figueiredo (#111), que tem a Fórmula Indy e a Stock Car no currículo.

Insólita também é a historia de Roberval Andrade, um dos pilotos mais bem sucedidos da Truck, protagonista de sério acidente nos treinos do sábado quando seu truck bateu forte e teve de ser reconstruído para as corridas. Bicampeao brasileiro em 2002 e 2011, Sulamericano em 2010 ainda na Fórmula Truck, campeão da Copa em 2018 e 6º na prova de domingo na abertura de 2023, Andrade foi o primeiro e único piloto de corridas a carregar o distintivo do Corinthians em seu caminhão com patrocinador sênior, iniciativa inédita de associar futebol com automobilismo de competição e, por isso, atraindo nas pistas tanto o barulhento entusiasmo dos Corinthians quanto as vaias das torcidas adversárias.

Está em 7º no campeonato, prejudicado pelo resultado negativo na Corrida 1 e Goiânia mas a caminho de Interlagos com a competência de seu time de preparadores que fez o milagre de transformar uma quase sucata num truck competitivo em menos de 24 horas.