O mês de julho vai ficar marcado na historia da indústria brasileira de veículos com a chegada, 40 anos atrás, do primeiro carro a consumir exclusivamente álcool como combustível. Em julho de 1979, a Fiat desfilava o primeiro 147 com motor 1.300 que não consumia gasolina, fuga estratégica ao impacto do tristemente famoso choque do petróleo que multiplicou, poucos anos antes, o preço do barril de 2 para 10 dolares.
Quem viveu, lembra, o susto da gasolina custando o que não se podia pagar, os racionamentos, as filas nos postos, o drama provocado pela união dos produtores numa sigla que passou a ficar lamentavelmente popular, Opep, Organizaçao dos Paises Exportadores de Petroleo. Os primeiros problemas técnicos foram superados com o aumento das taxas de compressão – o álcool tem menor poder calorífico do que a gasolina -, e com o revestimentos dos dutos por onde passava do álcool, mais ácido e corrosivo. Foram os primeiros passos da tecnologia que hoje aponta para a salvação ambiental nacional e empurra para diante a chegada dos carros elétricos. O símbolo técnico dessa mudança existe até hoje, um Fiat 147 ano de fabricação 1979 que exibe a exclusiva originalidade de ter sido o modelo com que a Fiat convenceu o governo brasileiro da viabilidade técnica do carro a álcool, etanol foi o nome técnico adotado depois, para caracterizar com mais propriedade o combustível. Foi comprado pelo Ministerio da Fazenda mas retornou a Fiat que o preserva em Betim.
O salto tecnológico dos motores a etanol pode ser medido por ele assim como o que ainda precisa e pode ser feito para aperfeiçoar o propulsor para que ele atinja o nível de eficiência adequado. O 147 a álcool, como lembra Robson Cotta, engenheiro chefe da Engenharia Experimental da FiatChrysler, tinha partida a frio e afogador, além de preservar a tampa vermelha do motor. 1 ponto 3, 62 cavalos de potência e 11,5 kgfm de torque, havia sido criado um ano antes e equipado três unidades 147 que foram entregues para que a Policia Rodoviaria os usasse no policiamento da Ponte Rio-Niteroi.
As versões de rua do motor exclusivo a etanol começaram a ser comercializadas no final de 1979 se mantendo até 1987, mais de 120 mil unidades. Em 2003, com a chegada dos motores de tecnologia flexivel, a condição técnica dos motores mudou para que pudesse utilizar ambos os combustíveis, com alterações principalmente na taxa de compressão e nos recursos eletrônicos que permitiram a identificação do tipo de combustível que estava sendo usado. Foi instalado um tanquinho de gasolina para as partidas a frio, hoje substituídos nos motores mais modernos por sistemas de mapeamento eletrônico que adéquam mistura e ponto de ignição as condições de temperatura. Os futuros motores a etanol já estão sendo desenvolvidos. A própria Fiat vai produzir já no final deste ano em Betim motores turbo flex de 3 e 4 cilindros dos quais 400 mil serão exportados para a Europa até 2022. E uma versão exclusivamente a etanol está sendo desenvolvida para elevar a eficiência dos motores alimentados com este combustível em consumo e emissões.