Nem bem começou 2019 e a Ford lança o Ecosport 2020, aquele que, como já era aguardado há muito tempo, não exibe mais o estepe na traseira. A nova versão Titanium usa pneus Run Flat, que permitem rodar com pneu furado ou rasgado até 80 por hora por 80 quilômetros como o europeu e o que foi exibido no stand da Ford no Salão do Automóvel, em novembro. A outra novidade é que a versão 4×2, apenas com a tração dianteira, deixa de oferecer a opção do motor 2 ponto zero que fica exclusiva da versão Storm assim como a tração nas 4 rodas. Mantém o motor 1.5 Ti-VCT flex de três cilindros, de 137 cv, transmissão automática de seis marchas e chega bem equipado. Por 103.890 reais, já traz teto solar elétrico, sete airbags, sistema de monitoramento de ponto cego e tráfego cruzado, bancos de couro ecológico, sensor de presença para acesso e partida sem chave, central multimídia SYNC 3 com tela de 8 polegadas, faróis de xênon, luzes diurnas de led, sensor de chuva e rodas de liga leve de 17 polegadas.
Todas as demais versões, cujo preço começa em 78.990 reais, seguem, portanto, com o estepe acoplado a porta traseira como ocorre deste o lançamento do carro. Mas por que razão o comprador brasileiro exigiu, de carta forma, que a Ford introduzisse o Eco sem o estepe na traseira ? Questões estéticas, práticas e de conceito. Visualmente, pode ser entendido que a traseira sem o estepe fica mais limpa, mais elegante, é uma opção. O estepe lá atrás também cria um empecilho a movimentação do porta-malas, é necessário maior espaço para abrir a porta, nem sempre o cidadão acha esse espaço ao estacionar. Há donos que se queixam do risco de furto, que é real, a maioria tranca o estepe com cadeado. Há, ainda, quem acredite ser dispensável o estepe convencional e aceite se reclamar o run flat apesar das restrições. Afinal, o suv é cada vez mais urbano, menos aventureiro, roda mais no asfalto, menos na trilha. Há ainda quem ceda à modernidade, o modelo sem estepe já circula na Europa, é, digamos, mais atual…
Nem tudo são flores, porém. O pneu run flat tem suas vantagens de economizar espaço do estepe mas algumas restrições, é necessário carregar um kit reparador para emergências e nem todo motorista obedece rigorosamente as dupla 80/80, 80 por hora, 80 quilômetros. E há a questão do custo, um pneu run flat custa ao redor de 900 reais e é perda total se, em hipótese remota, roda vazio… Sem contar que as ruas e estradas brasileiras não são mesas de bilhar, uma coisa é um run flat na França, outra, muito diferente, no Brasil.
De qualquer maneira, os técnicos da Michelin, marca que fornece os run flat para o Ecosport, argumentam que este tipo de pneu é cada vez mais comum nos modelos novos, o consumidor vai se acostumar com ele e absorver o fato, hoje pouco admitido, que o estepe será em breve coisa de um passado jurássico.